Violência sexual contra crianças e adolescentes ainda é tabu

A informação e a denúncia são as principais formas de reduzir os casos

Nesta segunda-feira, dia 18 de maio, lembramos o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A proposta é mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar da luta em defesa dos direitos sexuais de crianças e adolescentes. É preciso garantir a toda criança e adolescente o direito ao desenvolvimento de sua sexualidade de forma segura e protegida, livres do abuso e da exploração sexual.

No Brasil, o Disque 100 registra de forma anônima as denúncias de abusos contra crianças. Segundo as últimas estatísticas divulgadas, o serviço registrou mais de 200 mil denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes no período de 2011 a 2017. Os dados apontam ainda que:

  • 92% das vítimas são meninas;
  • 51% das vítimas são negras;
  • 40% das vítimas têm entre 10 a 14 anos;
  • 21% de 1 a 5 anos;
  • 19% de 6 a 9 anos;
  • 19%, de 15 a 19 anos;
  • 54% dos agressores são familiares da vítima (pais, mães, tios, avós)
  • 88% dos agressores são homens.

A estimativa do Ministério da Saúde é que cerca de 27 crianças e adolescentes de 10 a 19 anos são abusadas por dia, mas sem que haja denúncia ou atendimento.

Em São João da Boa Vista

Segundo dados do CREAS do Município de São João, no período de 2018, 2019 até março deste ano, foram registrados 166 casos de abuso sexual a crianças e adolescentes, sendo que 87% as vítimas são meninas e 13% meninos. Em média são seis casos por semana. As vítimas por faixa etária estão divididas assim:

  • 29%, de 2 a 5 anos;
  • 26% de 6 a 9 anos;
  • 33% de 10 a 14 anos;
  • 12% de 15 a 18 anos;

Na grande maioria dos casos, os agressores são parentes da vítimas como avô, padrasto, irmão, tio, pai e em menor proporção, pessoas próximas, como professor, amigos, namorado da mãe.

Formas de prevenção

A sociedade pode ajudar a diminuir estes números simplesmente não se omitindo. A omissão é a principal causa do abuso sexual a crianças e adolescentes. É preciso não se omitir quanto a falar sobre o tema que ainda é um tabu para a maioria das pessoas. Famílias, escolas, igrejas e outros locais de convivência devem orientar as crianças quanto às praticas abusivas de adultos. Há excelentes vídeos na internet para ajudar nesta tarefa (veja no quadro abaixo).

Outra forma de ajudar é não se omitir e denunciar os casos de abusos ou as suspeitas. O Disque 100 é uma forma segura para alertar as autoridades nos casos onde crianças e adolescentes tenham seus direitos privados. A denúncia será apurada pelo Conselho Tutelar e não terá o envolvimento do denunciante. Mas é importante que o denunciante tenha em mãos nomes e endereços dos envolvidos para que haja consistência na denúncia.

É também importante saber ouvir a criança e estar atento aos sinais de possível abuso sexual, como: mudança de comportamento (fazer algo que não fazia ou deixar de fazer algo habitual); proximidade excessiva a um membro da família; regressão de comportamento (volta a apresentar comportamentos de idade anterior, como fazer xixi na cama ou chupar o dedo); segredos com pessoas mais velhas; referências incomuns à sexualidade (desenhos, perguntas, piadas); sinais físicos (hematomas, sangramentos, lesões).

BOX:

Vídeos:

  • A série “Que Abuso é Esse”, com oito episódios produzido pelo Canal Futura, aborda o tema de forma didática, com marionetes e sempre com o depoimento de um especialista.
  • A Série “Defenda-se”, foi produzida pelo Centro de Defesa, Lumen Comunicação e Diretoria de Comunicação e Marketing do Grupo Marista, em parceria com a Fundação de Ação Social de Curitiba. É composta por uma série de seis vídeos, voltados para a autoproteção de crianças e adolescentes de 5 a 11 anos. A campanha é baseada nos conceitos da "Versão Amigável", que não foca a violência em si, mas a proteção e a defesa.

Livros:

  • Pipo e Fifi, de Caroline Arcari, Editora Caqui.
  • O Segredo de Tartanina, vários autores, Editora Universidade da Família.
  • Não me Toca seu Boboca, de Andrea Viviana Taubman, Editora Aletria.
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