São João da Boa Vista – 197 ou 200 anos?

Muita gente ainda tem dúvidas: qual é a data real da fundação de São João da Boa Vista? Quantos anos ela vai completar no próximo dia 24 de junho?

São questionamentos que chegam ao Departamento de Comunicação Social da Prefeitura nas redes sociais, por telefone e até mesmo pessoalmente. Portanto, confirmamos aqui:

SÃO JOÃO DA BOA VISTA FOI FUNDADA EM 24 DE JUNHO DE 1824. OU SEJA, COMPLETARÁ 197 ANOS EM BREVE.  

Em 2020, foi formada uma comissão para definir a real data de fundação de São João da Boa Vista. Após estudos e votação unânime, ficou confirmado que a cidade foi fundada em 24 de junho de 1824, pelo monsenhor João Ramalho.

A história de São João foi escrita em diversos livros, almanaques e edições especiais de jornais locais, desde o ano de 1873. Ao todo, eles somam quase 20 publicações. Em apenas um destes materiais, a fundação de São João diverge do ano de 1824 e envolve outros personagens.

Os membros da comissão que aprovaram a informação foram: Jaime Splesttoser Júnior (historiador e escritor); Antonio Carlos Rodrigues Lorette (professor universitário, arquiteto e historiador); Rodrigo Rossi Falconi (médico, escritor e historiador); João Batista Scanapiecco (professor, escritor e historiador); Waldemir Sanches Carbonara (professor e pesquisador); Lucelena Maia (presidente da Academia de Letras de São João); Ana Lúcia Sguassabia Silveira Finazzi (pesquisadora); Reinaldo Rehder Benedetti (jornalista e servidor público municipal) e Hélio Correa da Fonseca Filho (servidor público municipal).

Em texto publicado no site da Prefeitura (www.saojoao.sp.gov.br), o professor João Batista Scanapiecco relata detalhes da história sanjoanense.

HISTÓRIA – Cidade dos Crepúsculos Maravilhosos, essa é a nossa bela São João Boa Vista, fundada em 24 de junho de 1824 por Antônio Machado de Oliveira e os cunhados Inácio Cândido e Francisco Cândido, vindos de Itajubá, cidade de Minas Gerais, chegando à região às vésperas do dia em que se comemorava o culto a São João Batista, o que deu origem ao nome da cidade.

Contudo, em fato da cidade ter sido iniciada nos terrenos da Fazenda Boa Vista, de propriedade do Padre João Ramalho, recebeu assim o complemento “da Boa Vista”. Antônio Machado, um dos fundadores, doou um terreno para a futura povoação do Local, dando origem à atual São João da Boa Vista.

O principal idealizador do perfil econômico de São João da Boa Vista foi o Cônego João Ramalho, de nacionalidade portuguesa e que chegou ao Brasil no ano de 1800. Foi o Cônego quem projetou a localidade de São João da Boa Vista, depois de um contato com o lavrador Antônio Machado, que doou o terreno para o nascimento da cidade.

O projeto de João Ramalho era irradiar o progresso para toda a região a partir de São João da Boa Vista, explorando atividades agropecuárias, industriais e rurais como monjolos, moinhos, engenhos de serra e de cana-de-açúcar.

A partir do início dessas atividades, outras proliferaram, dando origem ao comércio local para a venda dos produtos que eram produzidos nas lavouras.

A primeira missa celebrada na cidade foi em 24 de junho de 1824, sendo que, no mesmo ano, houve a realização da primeira eleição para escolha do Administrador da Freguesia, em Assembléia Paroquial, na qual foi escolhido o Padre João José Vieira Ramalho, que morava em Mogi-Mirim.

Já na segunda assembleia, 22 anos após, em 1846, o Padre João Ramalho novamente obteve a maioria dos votos, prosseguindo assim o seu trabalho pela cidade, dividindo em quarteirões e fazendo a distribuição de terras, provocando uma revolta nos moradores da região norte, onde se localiza a Capelinha, sendo que este descontentamento aumentou quando planejavam a construção da Igreja Matriz, início de 1848.

Após cinco anos, em 1853, foi inaugurada a Igreja Matriz, onde foi realizada uma missa solene, celebrada pelo Padre João Ramalho que, no meio da celebração, caiu desfalecido e morreu.

Cônego João Ramalho projetou a localidade para ser o ponto de irradiação do progresso para todo o território a ser explorado e aproveitado com culturas, pastagens, indústrias rurais, tais como monjolos, moinhos, engenhos de serra e de cana, de que necessitam as propriedades agrícolas.

Para transporte e cargas, eram usados os muares e cavalos e os carros de boi, as caleças, liteiras ou banguês, em grandes fazendas. Os troles somente apareceram bem mais tarde.

Entretanto, mesmo sem melhoramentos públicos, que a municipalidade não podia executar por não ter recursos e nem rendas para enfrentá-los, e que dependiam ainda de consignação de verba do orçamento anual e de aprovação da Assembleia Provincial, a Vila e o Município iam progredindo, graças à exuberância de suas terras, intensamente procuras para lavoura de café, cana-de-açúcar, fumo e cereais.

Em 24 de abril de 1880, São João recebe a emancipação política e é elevada a Município. Nessa época, o município compreendia as vilas de Aguaí, Águas da Prata e Vargem Grande do Sul que, com o passar do tempo, também foram se emancipando.

Os melhoramentos esperados pela população de então, que iriam dar um grande impulso ao desenvolvimento industrial, comercial e agrícola, eram a inauguração oficial e o início do Tráfego Ferroviário da Companhia Mogiana, bem como o funcionamento de suas estações em Cascavel, em São João e na Prata.

Com a instalação da estrada de ferro Mogiana no Município, a exportação de produtos agrícolas tornou-se mais intensa, sendo de maior vulto a do café, vindos depois a aguardente, o açúcar, o fumo, o toicinho, batata, cereais, tijolos e telhas, madeiras, queijo, gado para o corte e outros pequenos produtos.

Existiam em São João, em 1889, por volta de 25 máquinas de café, 30 engenhos de cana, diversas serrarias e olarias. A população do Município era de 16.000 habitantes, mais ou menos, sendo que cerca de 3.000 habitavam a cidade, que contava com, aproximadamente, 450 casas.

A lavoura sempre foi um setor de grande êxito no município pela fertilidade do solo, abundância de água e clima ameno. Por essas características, o núcleo foi-se desenvolvendo como centro de atividades, para suprir as diversas necessidades da vida civil e a comercialização dos produtos originários da região.

 

Fontes: João Batista Scanapiecco e Jornal O Municipio.